Sinopse:
No pique do esconde-esconde, pega-pega e bate-bate Saori e Anahí enfrentam o desafio de completar uma missão secreta no mundo Quebra-cabeça. Entre partidas e recreios, se deparam com um novo oponente. Será que conseguirão completar esta misteriosa missão?
Categoria: Espetáculo
Classificação indicativa: Livre
Recomendado para crianças a partir de 4 anos
Sinopse:
Um corpo observado ocupando um espaço pequeno cheio de imposições luta pela a sua expansão desbravando o desconhecido. Intergaláctico é corpo que desdobra no tempo e espaço, contudo esse espaço é construído e por vezes opressor. Emponderar-se diante dele se torna um conflito entre o que pode o corpo e o que o corpo pode.
Categoria: Espetáculo
Classificação indicativa: 14
Sinopse:
Maria Epinefrina e Wellington Fonseca apresentam Uma Dança Para Meus Pesares, um duo que persiste na tentativa de dançar um corpo em resistência, os intérpretes insistem em continuar seu percurso investigado na movimentação, repercutem-se numa dança desesperada na busca de uma cura para suas mazelas. A gente tá sempre se levantando e levantando o outro assim como caindo e cuidando.
Categoria: Espetáculo
Classificação Indicativa: Livre
Sinopse:
Corpos. Precisam se relacionar. Relacionam-se o tempo todo. No meio do mundo, para com o mundo, onde tudo se constrói. Correm para pegar o ônibus, andam obedecendo as placas, sentem muito.
Com suas individualidades lidam juntos, porque estão juntos, com a existência e com a força de continuar existindo em um meio caótico de informação. Quão dispersas são as relações que estão sendo assumidas e as que nem estão sendo percebidas?
Categoria: Espetáculo
Classificação indicativa: 14
Sinopse:
Monólogo marginal de dança. A hora de outra estrela é uma peça performance que pode acontecer em qualquer lugar. Conta a historia de uma artista que está em sua decadência em todo lugar do mundo que não se sabe aonde, vagando com sua mochila cheia de portas retratos, seu som, sua cachaça e todos os holofotes que acendem quando ela chega gritando e dançando a sua existência caótica, dolorosa e digna de aplausos.
Categoria: Espetáculo, performance, percurso
Classificação Indicativa: 14
A partir do universo imagético e das lógicas interacionais presentes no ambiente dos videogames, os interpretes e criadores Maria Epinefrina e Wellington Fonseca apresentam a obra Saori e Anahí. Um trabalho que fala da jornada de dois personagens distintos, em busca de completar uma só missão. Com as diferenças eles aprenderão a lidar juntos com as fases e desafios numa aventura cheia de jogos, imaginação, dança, cor e uma espécie de lego gigante. O Espetáculo é voltado para o púbico infanto-juvenil e conta com trilha sonora original de Fernando Catatau, dramaturgia de Clarice Lima, figurino de Themis Memória e Amorfas e iluminação de Glória Mendes.
Projeto contemplado no VII edital das artes de Fortaleza.
Interpretes criadores: Maria Epinefrina e Wellington Fonseca
Dramaturgia: Clarice Lima
Trilha sonora original: Fernando Catatau
Figurino: Themis Memoria e Amorfas
Desenho de iluminação: Glória Mendes
Produção: Glória Dias, Maria Epinefrina e Wellington Fonseca
Produção Executiva: Paulo Benevides
Designer Gráfico: Diogo Braga
Assessoria de imprensa: Ari Areia
Fotos: Darlene Andrade e San Cruz
Apresentação MOPI - Conclusão do laboratório de criação do Porto Iracema das artes. Foto de Pâmela Soares
Projeto em PDF para curadoria
Intergaláctico é um espetáculo de dança no formato de solo. O projeto deu-se início a partir da pesquisa “Espaço de Modular: Que espaço a minha corporeidade ocupa?” desenvolvida por Maria Epinefrina na Universidade Federal do Ceará, onde foi percebido o corpo intergaláctico.
Um corpo potente que tem consciência da sua expansão e desdobramento no espaço e no tempo, trazendo esse corpo para nossa contemporaneidade questões sobre o espaço que habitamos e ocupamos foram levantadas.
um corpo que não está confortável para se expandir estaria em um espaço apertado. Opressões, status sociais, abusos, medos, preconceitos são alguns exemplos de interferência no espaço que a corporeidade ocupa, é difícil sair de espaços assim e isso influi diretamente na sua corporeidade e na forma de como se mostra para com o mundo. O espaço ocupado é construído e o intergaláctico, corpo que desdobra no tempo e espaço, se lança na busca de ser, existir, ocupar e expandir.
Foi percebido o espaço da corporeidade, construído com ligação direta com o meio e a historia da sua vida. Discorrer sobre isso, construir uma obra cênica a partir disso é falar de nossa vida, é se perceber no mundo e perceber que às vezes é difícil ocupar outros espaços.
Este projeto foi contemplado no Laboratório de Criação em dança 2018.2 da Escola de Artes Porto Iracema das Artes e teve como orientador Armando Menicacci, Professor do departamento de dança e tecnologia da Universidade de Quebec em Montreal.
Inicialmente um projeto de um espetáculo de dança e tecnologia*. Paramos de afirmar isso com tempo visto que a tecnologia vinha como algo que tínhamos a intenção de pesquisar e usar, mas não se tratava disso. Meu ponto de partida foi investigar o espaço da corporeidade na contemporaneidade e o espaço de modular para tentar obter uma percepção a cerca deste corpo que se desdobra e como ele ocupa os vários espaços por meio de sua corporeidade, de sua extensão, expansão, enxergando o papel imprescindível da tecnologia nesta extensão corporal.
A partir da minha pesquisa ‘Espaço de Modular – Que espaço minha corporeidade ocupa?’* pude perceber o corpo intergaláctico, corpo que se desdobra no tempo e espaço, para então chegar às seguintes perguntas de base: Se a corporeidade está sempre mudando, o seu espaço também está (chamamos esse espaço de Espaço de modular). Neste sentido, somos corpos intergalácticos, temos a capacidade de ocupar espaços, de deixar rastros de transmutação, de percorrer o tempo. Mas como se dá este processo corporal na nossa contemporaneidade? Quais qualidades de movimentações que vou descobrir percebendo esse corpo intergaláctico? Como o social ajuda na construção do espaço que ocupo? Como é reconhecer que a multimídia/tecnologia interfere na corporeidade? Como é compor com dança e multimídia/tecnologia? E se eu percebo o corpo de outra forma longe de uma visão tradicional, que espaços vivenciarei a partir desta nova visão?
Essas inquietações me fizeram cruzar caminho com estudantes do curso de Mídias Digitais da Universidade Federal do Ceará, interessados em vivenciar a criação artística unindo dança e tecnologia. Trabalhamos no processo criativo para o espetáculo durante quase um ano até sermos selecionados no Laboratório de criação 2018.2 do Porto Iracema das artes, o que nos deu uma propulsão uma vez que passamos a ter estrutura para imergir e nos dedicar na pesquisa e na criação de forma mais intensa e, para além disso, tivemos o privilégio de escolher um artista para nos orientar. Armando Menicacci se interessou pelo projeto e tornou-se nosso Dramaturgista.
Dentro do processo surgiram também os Experimentos de um intergaláctico como forma de descobrir sobre esse corpo. O experimento Nº 2 trata-se do compartilhamento da pesquisa de movimentação trabalhada por mim, Maria Epinefrina é quem vós escreve, para o espetáculo e o experimento Nº 3 trata-se de uma performance afim de descobrir mais sobre uma (im) permanência que achei no corpo intergaláctico.
Este novo trabalho ainda dará outros experimentos e outras percepções.
* Vai ter textos sobre isso em minhas notas.
"Maria, quero agradecer por ter oferecido a experiência que você me deu hoje. O intergaláctico. Eu senti como se você compartilhasse o corpo comigo, um tipo de caminhada como se você estivesse em mim. Até agora eu me pego olhando para algo e sinto teus movimentos (...) Um outro ponto que quero compartilhar é o desejo de tocar no corpo que está se movendo, algo que me parece da vontade de perceber as texturas do corpo que se move (...) É o que Baudrillard chamaria de sedução, o corpo que "normalmente" se quer tocar é o corpo tido como bonito, mas o corpo do intergaláctico é ao meu ver um corpo que se desconstrói e se constrói constantemente (...) No intergaláctico o corpo parece lutar para se expandir ao mesmo tempo que se molda e para... mas é um parar diferente, fora de um padrão esperado. O experimento é bem marcante(...)"
( Robson Loureiro - Professor corpo e filosofia da Universidade Federal do Ceará)
Criadores: Maria Epinefrina, H-umano, Tiego Campos e David Leão
Direção Geral: Maria Epinefrina
Interprete criadora: Maria Epinefrina
Orientação Dramatúrgica: Armando Menicacci
Artistas digitais: H-umano, David Leão, Tiego Campos
Desenho de Iluminação: Walter Façanha
Trilha Sonora: Vitor Colares
Cenógrafo: Kelson Teles
Cenotécnica: Glória Dias
Técnica: Glória Mendes
Produção executiva: Paulo Benevides
Assistente de produção: Glória Dias
Apoio: Propono Consultória Executiva, Porto Iracema das Artes e Secretária de Cultural de Fortaleza
Realização de Maria Epinefrina
Wellington Fonseca, Ernesto Gadelha e Maria Epinefrina. Foto de Anderson Damasceno
Projeto em PDF para curadoria
“Uma Dança Para Meus Pesares” é um espetáculo de dança criado e interpretado por Maria Epinefrina e Wellington Fonseca com a orientação de Ernesto Gadelha. Trata-se de um trabalho no formato de duo no qual os intérpretes insistem em resistir através de um percurso permeado de percalços e dúvidas.
A princípio, duas perguntas disparadoras: quais são os seus pesares? Como dançá-los? Maria Epinefrina e Wellington Fonseca, sem a pretensão de esgotar as possíveis respostas para essas indagações, lançam-se na busca de situações que dialoguem com elas. Urgência, abandono, dor, doença, cuidado, cumplicidade, pathos e folia foram alguns dos elementos que emergiram em meio à pesquisa e que se fazem presentes nas cenas e na tessitura da dramaturgia do trabalho.
Configurando-se na interface entre a dança, o teatro e a performance, "Uma dança para meus pesares" é uma obra em processo que procura tecer sua dramaturgia a partir do diálogo entre os vários componentes cênicos. Dessa forma, elementos como temporalidade das ações, luz, som, silêncio, vídeo, entre outros, assumem funções relevantes no tecido dramatúrgico da obra.
O trabalho foi desenvolvido dentro do projeto “É Noiz Perifa”, uma realização do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura por meio do Centro Cultural Bom Jardim.
Interpretes criadores: Maria Epinefrina e Wellington Fonseca
Orientação Dramaturgica: Ernesto Gadelha
Desenho de Iluminação: Walter Façanha
Concepção de Figurino: Ruth Aragão
Sonoplastia: João Emanuel
Audiovisual: Anderson Damasceno
Técnica: Gloria Mendes
Um Pesar Para Minhas Danças
Era uma vez um menino que adorava um bom clichê. Se fosse romântico, então, vish! Era um deus no acuda! Um dia esse menino foi ao teatro ver uma peça chamada Uma Dança Para os Meus Pesares, de Maria Epinefrina, e booom! viu ali um monte de coisa acontecer, não necessariamente coisas novas, pelo contrário, eram mesmo bons clichês, mas que ainda assim, tinham uma estranha força: um par homem-mulher, música romântica, uma gaita triiiiiiste, iluminação de Walter Façanha, figurino de Ruth Aragão, orientação de Ernesto Gadelha, etc. Em suma: muitos, muitos clichês, clichês da arte, clichés de dança, clichés pesados da dança cênica cearense, etc. Clichês que tanto ajudam a adensar quanto a dispersar a obra. Completamente compreensível, vindo de um trabalho que surge de um projeto como o É Noiz Perifa, que se propunha a fazer dialogar artistas da periferia de Fortaleza com nomes consolidados da dança cearense, blá, blá, blá... não estou aqui pra problematizar essa relação periferia-centro, o que poderia ser feito, não, não farei isso, vou aproveitar apenas pra falar sobre como esse modo de fazer do "centro" em relação a “periferia”, pode render bons trabalhos, ainda que dentro de formatos extremamente reconhecíveis e consolidados nos parâmetros do que se chama (ainda) de dança contemporânea... e que tudo isso tem muito, mas muito mesmo, a ver com o amor – ou com aquilo que a gente diz que é amor.
Pq no fundo o amor é um clichê, sabe? Eu gosto de acreditar que existem amores leves, facinhos, e tudo bem. Mas o amor pra mim é quase sempre um pesado clichê. Uma matéria que é mais força do que volume, e que nos sufoca tantas vezes. É que a falta de ar que se tem quando se está apaixonado, acredito, é menos pela falta de amplitude espacial que se tem e mais pela intensidade com que as coisas se apresentam no espaço: tudo pesa, tudo fala, tudo pensa e faz pensar no ser amado, tudo demais, tudo demais...
É assim que Em Uma Dança Para os Meus Pesares o amor pode ser um peso que se carrega nas costas de forma muito lenta, só pra depois virar um engodo, e que a gente insiste assim mesmo em preservar. O peso masculino sobre o corpo feminino: clichê tão metafórico – e literal, ao mesmo tempo. Amor que permite que o homem, como um pavão alucinado pós-acasalamento, mostre-se para a platéia – e que à mulher, reservado o lugar da espera, obediente espere, se deixando enrolar pelo o que a gente insiste em chamar de amor. Não sei porquê.
A gente se apega mesmo a essa ideia de amor: as cores quentes nos cabelos e roupa de Epinefrina são o tom certeiro para alguém apaixonado, febril, louco de amor, alguém que não vai tomar remédio coisa nenhuma, alguém que não quer que a dor passe – sim, eu sei como é, eu também sou assim. Wellington Fonseca, o par em questão, também tem seus pesos, também precisa levantar suas dores. Apesar de aparentemente mais forte em cena, ele também se machuca: o amor – e pq não, a dança – nos machuca a todos (uma cantora pop que adora um cliché uma vez cantou: “when you hurt me, you hurt yourself”. É a mais pura verdade).
Bonito mesmo é ver o painel de lâmpadas fluorescentes que pisca ao fundo do palco, como se fosse um céu estrelado (mais um clichê romântico), ou vagalumes dançando – seria um sonho? Ou a sombra dos fios dessas mesmas lâmpadas, que aparecem quando uma luz vermelha, atrás do painel de lâmpadas, acende, formando sinuosas silhuetas pretas: negras veias de um gigantesco coração vermelho?
E por fim, o peso dá lugar também ao tempo, porque talvez seja isso mesmo que acontece: o tempo talvez seja o única capaz de tirar o peso das coisas, fazê-las leves. Um videodança gravado na praia, os corpos encharcados. O mar tem mesmo qualquer coisa a ver com essa coisa que a gente chama de amor: ressaca, onda, afogamento. O mar e seu tempo cíclico, pesado, nos convida a pensar nos tempo dos nossos pesos, no peso dos nossos tempos... Talvez seja aqui a minha única crítica mais contundente ao espetáculo: algumas cenas demoram tempo demais. Assim como o amor, a cena tem seu tempo, certos amores e certas cenas quando passam do tempo, viram nada. Uma Dança Para Meus Pesares peca somente nisso: insistir demais em certas dores, em certos temas, quando já diz muito com muito menos (tempo). Eu entendo, advindo de um projeto de alguém muito jovem e que, além disso, procura dialogar aqui com as temporalidades da dança cênica padrão, com seus espetáculos de 40 min. (outro cliché da dança...), porém, tenho que dizer: aqui o cliché deixa de ser insistência no mesmo, pra virar cumprimento de regra, esvaziando o seu precioso encantamento.
No mais, o espetáculo termina (como disse um amigo, em tom de reclamação), “sem resolver nada”: uma dancinha-despedida, um black-out – e o mar-tempo pra cuidar das nossas feridas, amortecer nossas quedas. O que eu posso dizer pra esse meu resoluto amigo é que, como Drummond acreditava, eu também acredito: “essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca.”. É um cliché, mas não tem jeito. Enquanto isso a gente dança. Fazer o quê?
O ponto de mutação da arte, ou de uma obra artística, é justamente o momento em que, ou onde, ela te toca.
Hoje assisti o espetáculo "uma dança para os meus pesares", de Maria Epinefrina e Wellington Fonseca, sob a tutoria de Ernesto Gadelha, no CCBJ.
Muito embora, segundo Epinefrina e Wellington relataram ao final do espetáculo, o mesmo trate do apoio com o qual contamos na vida, infinita vezes, para que nos ponhamos em pé após a queda, o ponto de mutação para mim, ali como espectadora, muito me remeteu aos pesares da vida em sendo mulher. De fato, muito dançamos para que suportemos os nosso pesares.
No início da apresentação, carrega nas costas, Epinefrina a Wellington. Ele como um moribundo, ou um bebê que se carrega na barriga, ou um amigo em abandono da vida.
Mas aquela que carrega é uma mulher.
Em contraponto ao que nos ensina o mundo: o homem é o suporte de tudo.
Como não identificar com a maternagem, por exemplo, onde se carrega no corpo aquele que nascerá para vida, para os seus próprios pesares? Mas que, no entanto, em sendo mulher, seguimos carregando os nossos e os pesares alheios, até que sejam também nossas aquelas dores?
O pesar, ali simulado de ferimento envolto em longa gaze, que o bailarino desenrola do corpo seu e prende naquela que o carregou, o levantou e com ele bailou, logo vira o pesar dela própria. Ali, o ponto de mutação da obra em mim. As dores, as frustrações, a restrição dos movimentos, o desabar-se. "Toma remédio que passa". Como não reconhecer os contorcionismos necessários, retratados pelos movimentos de pernas e braços enrolados em si para que lidemos com o que a vida nos oferece, em sendo mulher?
E ainda cantamos, como cantou lindamente Epinefrina em cena, com a cabeça entre pernas, onde muitas vezes nos querem colocar. Que bela forma de resistir. Mesmo em contorções, cantemos!
Ao fim, para que eu não os canse e nem permita o spoiler de tão afinado dueto bailado, sinto que dançar/cantar para os nossos pesares pode (além da luta!) nos levar a afagos, ao mar, ao sal, e ainda, como sopro último desse espetáculo, ao acalanto maestral do abraço.
Parabéns a Epinefrina, Wellington e Ernesto.
Vida longa à arte.
Foto de Allan Gomes Menezes
'NOIS' é um espetáculo de dança contemporânea do Grupo Vir tu dirigido e coreografado por Maria Epinefrina. Trata-se de uma obra baseada nas relações cotidianas que traçamos para com o mundo e como estas nos constrói quanto individuo.
A partir do questionamento “Quão dispersa é a nossa relação?” o Grupo Virtut se lança em perceber como que o corpo está a todo o momento se relacionando e que é essa relação que nos torna existente. Existimos porque nos relacionamos. Desse modo, foram notados e dissecados os movimentos que são realizados no cotidiano, movimentos estes que são construídos, reverberados e exclusivos, por exemplo: Andar e a intenção de andar.
Pensar em como as situações nos afeta e dançar a partir disso é olhar para o mundo enquanto olhamos para nós mesmos, trazendo em sua poética metáforas de dias viventes em meio a tanta informação, NOIS apresenta uma dramaturgia que fala sobre ser corpo e por isso está sempre em processo. Nenhuma apresentação é igual a outra.
O trabalho foi contemplado no edital de incentivo as artes da secretaria de cultura de Fortaleza em 2016 e teve sua primeira montagem em 2017.
Ficha técnica:
Direção: Maria Epinefrina
Elenco: Georgia Dielle, Jhessy, Rafa Artof e KALY
Trilha sonora original: José Rodrigues
Figurino: Maria Caironi e Maria Epinefrina
Iluminação: Mayra Marcelino e Glória Mendes
Técnica: Glória Mendes
Produção: Glória Dias e Maria Epinefrina
Realização: Grupo Virtut
Apoio: Secretaria de Cultura de Fortaleza, Karthaz Studio, Propono, Teatro Universitário, Rede Cuca, Centro Cultural Bom Jardim e Divina Lingeri, Salão das Ilusões e Apê Cultural.
" (...) tem muita presença dos corpos dos participantes. Me encanta a forma como a atuação e o jogo de luz faz com que nos percamos em cena, de forma que me deparei em dado momento procurando um dos atores que surpreendente surge em meio ao público fazendo uma transmissão ao vivo pelo Instagram. Mistura de técnicas e movimentos que permitem uma visão Psicodélica do mundo em que vivemos, mesmo encantador e forte. Diria que Visceral "
(Michelle Gandolphi - Atriz
Foto de Viviane Brasil
Nota minha: Quando saí dos meus grupos fiquei conhecida por inúmeras performances de rua a fim de me pesquisar, tais pesquisas levaram à construção da ‘A hora de uma Outra Estrela’ um espetáculo marginal de dança feito para rua, tornou-me conhecida entre jovens punks e em sarais, formando minha primeira plateia, público que até hoje me segue e acompanha meus trabalhos. Tenho em especial uma gratidão, carinho e orgulho desse trabalho que foi o meu primeiro trabalho autoral (2015)
Release:
A Hora de uma outra Estrela é um monólogo de teatro/dança com a dramaturgia, coreografia e encenação da interprete criadora Maria Epinefrina, apresentado pela primeira vez em um evento para a ocupação do anfiteatro Coliseu no Bairro José Walter em 2015. A performance nos aponta a historia de uma menina que ao se tornar uma bailarina experimenta a decadência. O caos e a beleza são perpassados por devaneios e metáforas, uma mulher forte que mesmo com todos os escárnios e as lembranças que a persegue tenta se manter firme, tocando nas próprias feridas ela causa uma reflexão sobre a hipocrisia, sobre a cultura do estupro, os julgamentos, os rótulos que ofendem o universo de toda mulher. “A hora de uma outra estrela” está longe de querer apenas emocionar, ela veio para mobilizar, inquietar, incomodar, gritar com a voz da alma, com a dança, com a dor e mostrar que mesmo com toda essa bagagem que carrega nas costas ela ainda vai seguir por entre nós gritando cada vez mais. “O ser Humano é feito para acabar, mas como a gente acaba?”
A primeira fase do espetáculo já retrata a personagem imersa na decadência como alguém que teve toda a sua vida sugada por desilusões, expectativas do mundo e sua carreira de bailarina que com o tempo foi se deteriorando, seu corpo e a sua mente permaneciam mergulhados em profundas camadas de seu próprio ser, contudo as metáforas apresentadas no espetáculo são personificadas na menina/bailarina e pretendem suscitar no público inúmeras visões, interpretações, questionamentos, ajudando a tornar a peça uma poesia mais profunda a cerca do EXISTIR em meio ao vasto mundo de lembranças, de julgamentos, de opressões, de prisões, de violência e de abandonos que cercam a sua historia. O que o espetáculo deseja proporcionar é uma aproximação dos dramas e questionamentos da mulher como agente empoderada na sociedade trazendo por vezes uma identificação a respeito do caos que existe guardado em segredo. “De todas as apresentações que já vi, a tua foi a que mais me tocou”, comentou Amanda Liara, jovem espectadora da peça em questão. Além de trazer uma leitura poética e crítica sobre o cotidiano de uma forma marginalizada, retratada por uma bailarina bêbada com cigarro na mão e com o seu corpo violado, dança que expurga e exorciza os próprios demônios... É uma vida sob os olhos de uma Mulher e artista ligada ao público doando-se e buscando o olhar e o coração de cada um numa relação onde não existe distancias entre artista e expectador, é uma vida sob os olhos da sociedade ligada ao coração do ser artista.
Higor Fernandes
Interprete Criadora: Maria Epinefrina
Figurino: Divina Maria